Débora não leu

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Débora não leu. Não há então como saber se Débora, em hábito, segura o livro mais abaixo ou mais acima na página, pois não há nenhuma daquelas solenes marcas de dedos em lugar algum. Débora não aprecia Borges, não quis descobrir tantos universos quanto Borges imaginou. Débora não é daquelas pessoas que vislumbra com orgulho sua própria estante de livros; não os organiza de diferentes maneiras e não os desorganiza com igual prazer. Débora vendeu Borges, intacto, a um sebo. Como em rixa imaginária, Débora gosta mesmo é de Cortázar.

True Story: “Ficções”, de Jorge Luis Borges, intacto, comprado em um sebo, continha em sua folha de rosto uma dedicatória, transcrita sem alterações: “Débora, desejo podas descobrir tantos universos como Borges imaginou”.

Publicado por Flávio Alfonso

Jornalista, leitor e redator.

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